segunda-feira, 10 de março de 2008
A falar é que nos entendemos ! ...
Foi uma jornada onde mulheres de todos os países de língua oficial portuguesa puderam reflectir em conjunto sobre o empreendedorismo no feminino e as políticas necessárias a um desenvolvimento justo e sustentável, puderam conversar, puderam conviver. Também não faltaram os momentos culturais com música e poesia "lusófonas".
As cerca de 200 participantes tiveram oportunidade de escutar a Prof. Maria João Rodrigues, ex-Ministra do Emprego e Qualificação, proferir a conferência inaugural e aprovaram, no final, uma Moção de repúdio pela prática da mutilação genital feminina e uma Declaração (a Declaração de Lisboa), cujo teor transcrevo:
« As Mulheres representam, em todo o Mundo, mais de metade da humanidade, sendo parte activa do progresso à escala global.
Ainda que, em grande parte, com trabalho não remunerado ou insuficientemente remunerado e intervenção socialmente desvalorizada, as Mulheres sustentam, de forma inquestionável, o desenvolvimento dos seus países e das suas comunidades.
No seu relatório de 2006, o Fundo das Nações Unidas para a População refere que as Mulheres representam cerca de metade de todos os migrantes. São 95 milhões de Mulheres que contribuem para o desenvolvimento, quer dos países de acolhimento, quer dos seus países de origem, para onde remetem uma parte do seu rendimento, ajudando os familiares, contribuindo para reduzir a pobreza, apoiando a economia.
Mas, por outro lado, em todos os relatórios mundiais, as Mulheres continuam a ser as mais pobres, as mais excluídas, as mais afectadas por um maior aumento da taxa de prevalência de infecção do vírus HIV/SIDA, continuam a ser aquelas a quem são dirigidas as mais diversas e cruéis formas de violência e atropelos à dignidade humana.
Contudo, a Igualdade entre Mulheres e Homens tem sido assumida solenemente em inúmeros tratados, pactos ou convenções internacionais e, através deles, os Governos têm reafirmado o compromisso de promover políticas activas para a erradicação de todas as práticas que discriminam as Mulheres.
Pode ler-se nos pontos 1 e 7 da Declaração de Pequim, aprovada na IV Conferência Mundial das Nações Unidas Sobre as Mulheres, em Setembro de 1995: “Nós, os Governos participantes na IV Conferência Mundial Sobre as Mulheres (…) empenhamo-nos, sem reservas, em enfrentar estas dificuldades e obstáculos, promovendo assim o progresso e o empoderamento das mulheres em todo o mundo e reconhecemos que tal requer medidas urgentes num espírito de determinação, esperança, cooperação e solidariedade, desde já e tendo em vista o próximo século”.
Reafirmam também, no ponto 8 desta declaração, o seu compromisso em relação à “igualdade de direitos e intrínseca dignidade humana de mulheres e homens, bem como outros objectivos e princípios consagrados na Carta das Nações Unidas, na Declaração Universal dos Direitos Humanos e outros instrumentos internacionais de direitos humanos, em particular a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Contra as Mulheres e a Convenção dos Direitos da Criança, bem como a Declaração para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres e a Declaração sobre o Direito ao Desenvolvimento”.
Manifestam também, no ponto 13 da mesma declaração, a sua convicção de que “a autonomia e afirmação das mulheres e a sua participação plena, com base na igualdade em todas as esferas da sociedade, incluindo a participação no processo de tomada de decisão e acesso ao poder, são fundamentais para se alcançar a igualdade, o desenvolvimento e a paz.”
É, aliás, vivamente realçado na Resolução 1325 do Conselho de Segurança das Nações Unidas, o contributo inestimável das Mulheres para a paz, elas que, a par com as crianças, são as maiores vítimas de conflitos que não quiseram encetar, guerras pelas quais não são nem querem ser directamente responsáveis.
A Declaração do Milénio, adoptada no ano 2000 pelos 189 Estados-Membros da Assembleia-Geral das Nações Unidas, ao aprovar os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio, definiu a igualdade de género como uma condição indispensável para o desenvolvimento verdadeiramente justo e sustentável. A capacitação das Mulheres e a sua autonomia são consideradas como meios eficazes de combater a pobreza, a fome e as doenças.
Porém, os históricos e persistentes estereótipos sobre o papel das Mulheres e dos Homens nas nossas sociedades têm perpetuado as desvantagens das Mulheres no mercado de trabalho e no acesso aos processos de decisão, quer na área política quer na área económica, já que continuam a ter a maior responsabilidade em relação aos cuidados com os filhos e com as pessoas idosas, doentes ou com deficiência, mas também com todas as tarefas inerentes ao trabalho doméstico.
Esta realidade vai aumentando as dificuldades de conciliação entre a vida pessoal, familiar e profissional, as quais se repercutem nas condições de empregabilidade e na criação do próprio emprego, frustrando e desperdiçando a força empreendedora das Mulheres.
No entanto, apesar de todas estas dificuldades, a capacidade empreendedora das Mulheres é inquestionável e referenciada nos mais diversos fora de discussão económica internacionais e, de acordo com recentes estudos, as empresas dirigidas por Mulheres atingem elevados níveis de produtividade, sendo também consideradas das mais persistentes, com uma menor taxa de falência ou dissolução.
Assim, conscientes da justiça e da urgência subjacente a todos estes pressupostos e objectivos, as Mulheres presentes na I Cimeira das Mulheres da Lusofonia, organizada em Lisboa, pelo Departamento Nacional das Mulheres Socialistas, no dia 1 de Março de 2008, representantes de Partidos Políticos, membros da Internacional Socialista, e de associações cívicas, declaram assumir, como princípios orientadores de uma estratégia comum, o seguinte:
- Reforçar o diálogo e o trabalho em rede entre as Mulheres dos países da Lusofonia, através das suas organizações de Mulheres, estreitando laços de amizade e congregando esforços para a contínua e persistente promoção da igualdade entre as Mulheres e os Homens, perseguindo objectivos comuns que promovam um desenvolvimento justo e sustentável para todos;
- Reforçar a participação nos órgãos dos seus partidos, envolvendo Mulheres e Homens neste trabalho conjunto e na defesa e inclusão da perspectiva de género em todas as áreas de intervenção social, económica, pública e política;
- Alertar e sensibilizar os Governos de cada um dos países de língua oficial portuguesa para a necessidade de se continuarem a desenvolver todos os esforços na eliminação de toda e qualquer forma de discriminação, para que Mulheres e Homens possam viver a sua plena cidadania, enquanto parceiros iguais, num mundo que todas e todos desejam mais justo e sustentável;
- Realizar uma Cimeira bienal de Mulheres dos Países Lusófonos, criando um grupo permanente de acompanhamento e avaliação das recomendações saídas das diferentes Cimeiras.
Nesse sentido, recomendam acções prioritárias de intervenção nas seguintes áreas:
- Acesso das Mulheres a cargos de decisão social, económica, pública e política;
- Empreendedorismo no feminino, com a promoção de instrumentos que sejam potenciadores do mesmo e com programas de incentivos à criação de empresas e de acesso a financiamentos e ao crédito;
- Formação e diversificação de competências profissionais;
- Educação formal e não formal;
- Saúde sexual e reprodutiva, abrangendo o combate às infecções sexualmente transmissíveis, o planeamento familiar e a educação sexual e para os afectos e o combate a doenças pandémicas, tais como o HIV/SIDA, a tuberculose e a malária;
- Violência contra as Mulheres, incluindo o tráfico de seres humanos e a mutilação genital feminina;
- Conciliação entre a vida pessoal, familiar e profissional;
- Legislação laboral de protecção às mães e aos pais trabalhadores;
- Concertação internacional para a promoção do comércio justo e do consumo ético;
- Defesa do ambiente.
Recomendam ainda que, durante as Cimeiras da União Europeia com os países da CPLP, sejam realizados, paralelamente, encontros informais de Mulheres da Lusofonia, cujas conclusões deverão integrar as conclusões das Cimeiras.
Ao perseguir o sonho da modernidade, através de um modelo de desenvolvimento que se pretende e deseja cada vez mais justo e sustentável, sendo necessariamente solidário, a humanidade não poderá nunca mais desperdiçar a força e o talento empreendedor das Mulheres. Seria um erro crasso e incomensurável ! »
* Declaração aprovada por unanimidade e aclamação no final dos trabalhos da I Cimeira das Mulheres da Lusofonia
domingo, 9 de março de 2008
MILENA - Feminista, socialista, MULHER
Com o seu desaparecimento, calou-se uma das vozes mais respeitadas da luta pela igualdade de direitos entre mulheres e homens.
Feminista, Socialista e Mulher ...
... Madalena Barbosa nasceu em Faro a 13 de Março de 1942. Cresceu e fez-se adulta em Luanda. Veio para Lisboa em 1964, já com duas filhas. A estas juntaram-se, em Lisboa, mais duas raparigas e dois rapazes. Começou a sua militância em Abril de 1974. Co-fundou o Movimento de Libertação das Mulheres e todos os movimentos feministas que se lhe seguiram. Nos anos 80, integrou a Comissão da Condição Feminina, actual Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género, onde trabalhou até agora. Dirigiu, coordenou e elaborou vários estudos sobre mulheres em Portugal, que estiveram na base de medidas legislativas reconhecedoras da igualdade entre sexos na sociedade portuguesa, em áreas diversas como os direitos humanos, o trabalho, a pobreza, a saúde, a sexualidade. Representou Portugal e a União Europeia em várias cimeiras e conferências internacionais, nomeadamente em Nova York.
Audodefiniu-se um dia como: “Feminista, socialista e mulher, chamada em outros lugares do mundo gender expert”.
No dia em que Milena nos deixou, foi apresentado, em Lisboa, na antiga Fábrica de Braço de Prata, o livro “Que Força é Essa”, um livro de crónicas e textos de reflexão da autora sobre temas que vão das questões do feminismo, igualdade e estudos de género, à historia, à educação, ao trabalho, família e conciliação, à participação cívica e política, à saúde sexual e reprodutiva, à violência e ao aborto.
Segundo as suas próprias palavras são «textos escolhidos das minhas revoltas, textos escritos para perceber, analisar. Fase jornal, fase CIDM. Separados, como devem ser - opinião e saber. Por vezes tocam-se e o saber junta-se à opinião».
Na apresentação do livro, a voz de (Maria) Isabel Barreno. Numa página do livro, a voz de uma outra Maria, a Maria Teresa Horta, que dedicou a Milena o poema "Feminista":
« Se porque penso
existo
e se existo porque penso
Como mulher
eu resisto
porque existo e dou exemplo »
DIA INTERNACIONAL DA MULHER - PORQUÊ?, PARA QUÊ?
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As comemorações do dia 8 de Março estão ligadas, em toda a parte, à luta das mulheres por melhores condições de trabalho, por uma vida mais digna e por uma sociedade mais justa e igualitária.
Esta luta das mulheres tem o seu papel na história mundial e tem também as suas protagonistas: mulheres, mais ou menos (re)conhecidas, que, ao longo dos tempos e nos quatro cantos do Mundo, resistiram às várias formas de machismo e discriminação.
Recuemos a 1789, à Revolução Francesa, e lembremos o grito de “Liberdade, Igualdade, Fraternidade”, porque, diz-se, foi a partir daí que começaram a afirmar-se os direitos humanos universais.
Só que essa universalidade excluía as Mulheres e estas começaram, então, a contestar a situação e a reivindicar uma cidadania que não fosse apenas masculina.
Destaca-se, nessa época, uma mulher – Olympe de Gouges – que, através do texto “Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã” (1791), reivindica o “direito feminino a todas as dignidades, lugares e empregos públicos, segundo as suas capacidades”. É ela também quem afirma: “a mulher tem o direito de subir ao cadafalso; deve igualmente ter o direito de subir à tribuna”.
No entanto, esta revolucionária francesa pagou caro a sua ousadia: em vez da tribuna para fazer ouvir a sua voz, ela foi julgada, condenada à morte e guilhotinada, por “ter querido intrometer-se nos assuntos da República e ter esquecido as virtudes próprias do seu sexo”.
Também com a Revolução Industrial, na segunda metade do século XVIII, e após entrada das mulheres no processo produtivo, onde eram obrigadas a conviver com jornadas diárias muito prolongadas e com duras condições de trabalho, o mundo assistiu a novas formas de luta, onde se destacam aquelas que pretendiam ver reduzido o número de horas de trabalho operário.
Diz-se que terá sido em 8 de Março de 1857 que mais de uma centena de operárias de uma indústria têxtil em Nova Iorque protagonizou a primeira greve e manifestação de protesto, conduzida exclusivamente por mulheres.
Lutavam, então, contra as péssimas condições de trabalho a que eram sujeitas e reivindicavam o direito a um salário igual ao dos homens e a redução da jornada de 16 para 10 horas. Mas, a polícia e os patrões trancaram as portas da fábrica e atearam-lhe fogo. As grevistas morreram carbonizadas.
Embora não haja consenso sobre a veracidade deste acontecimento, que não terá sido referido em nenhum jornal da época, esta é a primeira referência à data que passámos a celebrar como o Dia Internacional da Mulher.
Terá sido também em 8 de Março, do ano de 1908, que cerca de 15000 mulheres, provenientes sobretudo das fábricas têxteis, se concentraram numa praça em Nova Iorque, reivindicando direitos sindicais, igualdade económica e política e o direito ao voto por parte das mulheres.
Dois meses mais tarde, o Partido Socialista Americano decidiu consagrar um dia por ano a uma manifestação em prol do direito de voto das mulheres e da igualdade dos direitos cívicos, tendo esse dia sido celebrado, pela primeira vez, em 28 de Fevereiro de 1909.
No ano seguinte, surge a primeira referência às origens da evocação do Dia Internacional da Mulher. Foi durante o II Congresso Internacional de Mulheres Socialistas, que se realizou em Copenhaga, na Dinamarca, que a famosa dirigente do Partido Social-Democrata alemão, activista pelos direitos das mulheres, Clara Zetkin, propôs uma resolução no sentido de se instaurar oficialmente um dia de luta Internacional das mulheres. Nessa resolução que, curiosamente, não faz qualquer referência ao dia 8 de Março, Clara Zetkin menciona que deve ser seguido o exemplo das socialistas americanas, o que pode ser entendido como uma homenagem às tecelãs que se manifestaram em Nova Iorque.
Esta proposta foi ratificada pelo Congresso da Internacional Socialista e, no ano seguinte, foi fixada a data de 19 de Março de 1911 como primeiro Dia das Mulheres. Apenas foi celebrado na Alemanha, na Áustria, na Dinamarca e na Suiça.
Terá sido alguns dias mais tarde (25 de Março), que ocorreu o trágico incêndio, que tem vindo a ser associado às celebrações do Dia Internacional da Mulher: na fábrica de camisas Triangle, em Nova Iorque cento e vinte e nove trabalhadoras, na sua maioria jovens imigrantes italianas e judias, perdiam a vida por causa da falta de segurança das instalações onde laboravam.
Nos anos seguintes, o Dia Internacional das Mulheres foi celebrado também em França e na Rússia.
Mais de um milhão de mulheres manifestaram-se na Europa e surgiram diversos movimentos e manifestações em prol de melhores condições de trabalho e igualdade de direitos, de que é exemplo aquela manifestação que ocorreu em 1917, na Rússia, quando um grande número de operárias, na sua maioria tecelãs e costureiras em greve, apoiadas por metalúrgicos, saíu à rua, reivindicando pão e paz, um acontecimento que foi considerado o dealbar da Revolução Russa.
Mas o dia de luta adoptado no II Congresso Internacional de Mulheres Socialistas, apesar de celebrado, não tinha uma data certa, e foi a Conferência das Mulheres Comunistas, que se realizou em Moscovo, em 1921, que adoptou o dia 8 de Março como data unificadora para o Dia Internacional da Mulher.
Após as duas Grandes Guerras Mundiais, iniciou-se um processo de mutação social que veio alterar o estatuto das mulheres aos diversos níveis, como ficou patente logo na Carta das Nações Unidas (1945), que, pela primeira vez, considera a dimensão de igualdade entre homens e mulheres, em relação aos direitos fundamentais, o mesmo acontecendo, três anos depois, com a Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Começa, assim, a ser reconhecido o princípio da não discriminação em função do sexo e a igualdade entre homens e mulheres.
Na segunda metade da década de sessenta, por muitos considerada a década dos “novos feminismos”, a Assembleia-Geral das Nações Unidas adopta a Declaração sobre a Eliminação de todas as formas de Discriminação contra as Mulheres (1967), afirmando um conjunto de princípios que concorrem para a construção de uma perspectiva mais global, no que diz respeito à situação das mulheres e à igualdade.
Se refiro todas estes momentos na história da luta das mulheres, é para sinalizar que os caminhos de mudança têm sido longos e árduos e que são fruto de muitas jornadas de luta. Importa recordar às novas gerações, a todos aqueles e aquelas que já nasceram com um conjunto de direitos consagrados, que nem sempre foi assim …
Mesmo no quadro das Nações Unidas, só desde 1975, ano em que foram proclamados o Ano Internacional da Mulher e a Década das Nações Unidas para as Mulheres (1976-1985), é que o dia 8 de Março passou a ser celebrado como Dia Internacional das Mulheres.
Em todo o Mundo, o dia 8 de Março passou a ser um dia onde se chama a atenção para as discriminações de que ainda são alvo as mulheres, para as desigualdades que subsistem, para a necessidade de serem garantidos os seus direitos humanos, a melhoria das suas condições de vida e de trabalho, a sua participação na vida política, económica, social e cultural.
Em cada 8 de Março, reescreve-se uma história feita de lutas e recorda-se o papel decisivo dos movimentos feministas em todo o Mundo.
Em cada 8 de Março, recordam-se os gritos e as lágrimas, as glórias e as derrotas vividas por tantas mulheres e evoca-se o seu inconformismo militante, a sua perseverança e vontade, a sua determinação e coragem.
Da francesa Olympe de Gouges (1748-1793) e da alemã Clara Zetkin (1857-1933), que foram já referidas, mas também de muitas outras: das inglesas Mary Wollstonecraft (1759-1797) e Emmeline Pankhurst (1858-1928), das americanas Lucrécia Mott (1793-1880) e Emma Goldman (1869-1940), esta última de origem lituana, das francesas Flora Tristan (1803-1844) e Hubertine Auclert (1848-1914), das alemãs Louise Otto (1819-1895) e Hedwig Dohm (1833-1919), da italiana Anna Maria Mozzoni (1837-1920), da austríaca Bertha von Sutter (1843-1914), da suíça Meta von Salis-Marschlins (1855-1929), de Alexandra Kollontai (1872-1952), da antiga União Soviética, da ucraniana Clara Lemlich, (1886-1982), de Berta Lutz (1894-1976), do Brasil, e da americana Betty Friedan (1921-2006). Estas mulheres, a par com a polaca Rosa Luxemburgo (1871-1919), que tem sido considerada a mais destacada revolucionária do século XX, são apenas algumas, entre as muitas activistas, que recupero do baú das memórias da luta pelos direitos humanos e pelo nosso direito à igualdade.
Uma palavra é devida também, aqui, a duas antigas euro-deputadas francesas: Louise Weiss (1893-1983), a decana das feministas europeias, que foi também apelidada de “avó da nova Europa”, e Simone Veil (n. 1927), que, como é sabido, foi a primeira mulher a presidir ao Parlamento Europeu (de 1979 a 1982) e, já em 1974, enquanto Ministra da Saúde, havia defendido o projecto-lei que despenalizou a Interrupção Voluntária da Gravidez, em França.
Estas são apenas algumas entre as muitas mulheres no mundo, que têm tido um papel importante no lento processo de reconhecimento de que os direitos humanos, para serem universais, têm de ser aplicados às duas metades da humanidade (homens e mulheres) e não só aos homens.
As lutas protagonizadas por elas, e por tantas outras que seria impossível evocar, foram travadas no passado, mas não ficaram lá enterradas, pois, apesar dos significativos avanços já verificados, subsiste o fosso entre a situação ideal e a situação real da mulher.
Isso mesmo tem sido reconhecido, ao longo de todos estes anos, pelas Nações Unidas, organismo que tem vindo a promover conferências internacionais visando a igualdade.
Na cidade do México, em 1975, durante a I Conferência Mundial sobre as Mulheres, que instituiu a Década das Nações Unidas para as Mulheres e aprovou o respectivo plano de acção mundial, foram identificados três objectivos prioritários para os dez anos seguintes: igualdade, desenvolvimento e paz.
Os mesmos objectivos foram retomados na II Conferência Mundial sobre as Mulheres, que teve lugar em Copenhaga, em 1980, durante a qual foram definidos três domínios merecedores de particular atenção, no que diz respeito ao acesso por parte das mulheres: educação, emprego e saúde.
Na III Conferência Mundial sobre as Mulheres, que se realizou em 1985, em Nairobi, foi feita a avaliação da Década e adoptaram-se estratégias para o futuro (Estratégias para o Progresso das Mulheres até ao ano 2000), com base no reconhecimento, pela primeira vez, de que todos os problemas humanos eram também problemas das mulheres, o que implicava que estas tivessem também um direito legítimo de participar no processo de tomada de decisões e na gestão de todas as questões humanas.
Dez anos mais tarde, na IV Conferência Mundial sobre as Mulheres, que ocorreu em Pequim, em 1995, os Estados participantes (189) assumiram o compromisso de assegurar que a dimensão de género fosse reflectida em todas as políticas e programas de acção.
Nesta Conferência, subordinada ao tema “Igualdade, Desenvolvimento e Paz”, e na Plataforma de Acção então adoptada, foram identificadas as áreas críticas, no que diz respeito à igualdade e aos direitos humanos das mulheres, referindo-se, designadamente, a educação e formação profissional, a saúde, o emprego, a participação na vida económica, os media, mas também a pobreza e o fenómeno crescente da sua feminização, a violência, o ambiente e o acesso e partilha do poder, estes últimos encarados como condição indispensável ao reforço e aprofundamento da democracia.
Em Pequim, os governos participantes na IV Conferência Mundial reafirmaram o seu compromisso em relação à igualdade de direitos e à intrínseca dignidade humana de mulheres e de homens, bem como a outros objectivos e princípios consagrados na Carta das Nações Unidas, na Declaração Universal dos Direitos Humanos e em outros instrumentos internacionais de direitos humanos, em particular a Convenção sobre a Eliminação de todas as formas de Discriminação contra as Mulheres e a Convenção dos Direitos da Criança, bem como a Declaração para a Eliminação da Violência contra as Mulheres e a Declaração sobre o Direito ao Desenvolvimento.
Na Declaração de Pequim, os Governos participantes afirmaram, ainda, a convicção de que “a autonomia e afirmação das mulheres e a sua participação plena, com base na igualdade em todas as esferas da sociedade, incluindo a participação no processo de tomada de decisão e acesso ao poder, são fundamentais para se alcançar a igualdade, o desenvolvimento e a paz” (ponto 13 da Declaração).
Nesta declaração reconhece-se ainda que “os direitos das mulheres são direitos humanos”.
No seguimento desta IV Conferência Mundial, realizaram-se duas sessões extraordinárias da Assembleia Geral das Nações Unidas - em 2000 e 2005 - que ficaram informalmente conhecidas como “Pequim + 5” e “Pequim + 10”, durante as quais se procedeu à avaliação do progresso e empoderamento das mulheres, reforçando-se as orientações em matéria de igualdade, desenvolvimento e paz.
Mas a história é feita de avanços e recuos. Por isso, dez anos depois da Conferência de Pequim, e apesar dos compromissos aí assumidos pelos estados participantes, o balanço feito pelo então Secretário-Geral da ONU, Koffi Annan, no encontro “Pequim: 10 anos depois - Garantir a Igualdade entre os Sexos, o Desenvolvimento e a Paz”, evidenciou que os direitos humanos das mulheres estavam ainda longe de ser respeitados e que estas continuavam a ser discriminadas.
Apesar dos esforços prosseguidos, durante estes últimos trinta anos, para que as questões relativas ao estatuto e situação das mulheres entrassem na agenda política internacional, apesar das leis e medidas aprovadas para a eliminação de todas as formas de desigualdade e violência contra as mulheres, verificava-se (e verifica-se, hoje, ainda) um grande fosso entre a situação ideal e a situação real das mulheres no mundo.
Os factos falam por si: as mulheres continuam a ser a maioria da população situada no limiar da sobrevivência e da população analfabeta, são discriminadas no acesso à educação e aos cuidados de saúde, representam a maior taxa de desemprego e sub-emprego, auferem salários mais baixos para trabalho igual e são vítimas de tráfico e violência física, sexual e psicológica.
Eis-nos, portanto, chegado(a)s a 2007, com uma situação verdadeiramente insustentável na Europa e no Mundo: a igualdade de facto está ainda longe de ser alcançada, apesar de ter já sido reconhecida, há muito, a igualdade de princípio.
Tal circunstância justifica que o corrente ano tenha sido declarado, pela União Europeia, como o Ano Europeu da Igualdade de Oportunidades para Todos.
Pretende-se, com ele, sensibilizar a população para os benefícios de uma sociedade mais justa e solidária, através da promoção da igualdade e da não discriminação”, independentemente do sexo, origem étnica ou racial, religião ou crença, deficiência, idade ou orientação sexual.
De acordo com um dos princípios enunciados na Decisão de 17 de Maio de 2006 (nº.771/2006/CE), o Ano Europeu “deverá criar uma nova dinâmica capaz de apoiar os esforços dos Estados-Membros para aplicar a legislação comunitária em matéria de igualdade e não discriminação”.
É, como afirma o Ministro da Presidência, Pedro Silva Pereira, “uma boa oportunidade” e, simultaneamente, “um desafio”, nas palavras de Jorge Lacão, Secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros.
Uma oportunidade e um desafio para a Europa, mas também para Portugal, onde, apesar dos significativos avanços no combate à discriminação entre mulheres e homens, muito caminho há, ainda, a percorrer, na promoção de uma verdadeira igualdade de género.
No nosso país, a igualdade de princípio entre homens e mulheres conta-se entre as muitas conquistas da Revolução de 25 de Abril de 1974 e afirma-se na Constituição da República, que foi aprovada em 1976.
Aí se reconhecia a igualdade de direitos e deveres dos cônjuges, no que diz respeito à capacidade civil e política e à manutenção e educação dos filhos [artigo 36º, nº 3], aí se incumbiu ao Estado a obrigação de assegurar a igualdade de oportunidades na escolha da profissão ou género de trabalho e condições para que não seja vedado ou limitado, em função do sexo, o acesso a quaisquer cargos, trabalho ou categorias profissionais [artigo 52º, alínea c], aí se reconheceu aos trabalhadores direitos, sem distinção de sexo [artigo 53º].
Também a institucionalização da Comissão da Condição Feminina, em 1977 (embora já funcionasse anteriormente), a Reforma do Código Civil, em 1978, a ratificação de uma importante Convenção Internacional (Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres), em 1980, a adesão à Comunidade Económica Europeia, em 1986, e a criação da Comissão para a Igualdade e para os Direitos das Mulheres, em 1991, são apontados como importantes marcos para a afirmação da igualdade entre homens e mulheres.
Mas, uma vez mais, nada disto acontece por acaso. Para se chegar aqui, muitas foram também as Mulheres que, sobretudo a partir dos finais do século XIX, fizeram ouvir a sua voz, lutaram e sofreram, para defender o princípio da igualdade de direitos e oportunidades em todas as esferas da vida: política, cívica, económica, social, cultural, familiar, profissional.
Algumas dessas Mulheres passaram mais ou menos ignoradas pela história, apesar da História lhes ficar a dever a sua ousadia, a sua acção militante na construção dessa igualdade.
Outras há que pontuam, reconhecidamente, a História das Mulheres Portuguesas: Adelaide Cabete (1867-1935), Anna de Castro Osório (1872-1935), Maria Veleda (1871-1955), Carolina Beatriz Ângelo (1877-1911), são apenas algumas dessas mulheres, todas elas activistas em movimentos feministas.
Mas também muitas outras mulheres, de cuja acção guardamos uma mais viva memória, uma vez que chegaram aos “nossos dias”. Destaco, aqui, Maria Lamas (1893-1983), Elina Guimarães (1904-1991), Teresa Santa-Clara Gomes (1936-1996), Natália Correia (1923-1993), Alda Nogueira (1924-1998) e, naturalmente, Maria de Lourdes Pintasilgo (1930-2004), uma activista espiritual e social que tive o privilégio de conhecer e a quem gostaria de deixar aqui uma palavra pessoal de admiração e respeito.
Partilho do sentido que ela dava à luta das mulheres. “O feminismo não é a luta das mulheres contra os homens: é a luta das mulheres pela sua autodeterminação; é o processo de libertação de uma cultura subjugada; é a conquista do espaço social e político onde ser mulher tenha lugar: Luta, libertação e conquista que significam necessariamente uma maior riqueza para tudo o que é humano”, afirmava ela num livro dado à estampa há mais de vinte e cinco anos.
De facto, não estamos a falar de uma “guerra de sexos”, como ainda, por vezes, se quer fazer crer, mas de “respeito entre iguais”, de igualdade de direitos, de igualdade de responsabilidades, de igualdade de oportunidades, de igual dignidade e valor entre homens e mulheres, em suma, de direitos humanos fundamentais.
E porque ainda é necessário afirmar tudo isto, continua a justificar-se a celebração, entre nós, do dia 8 de Março, Dia Internacional da Mulher.
Esse dia é aproveitado para salientar o nosso papel e a nossa dignidade social, o nosso valor enquanto pessoa, mas também para contestar preconceitos e limitações que continuam a ser-nos impostos.
É o dia que consagramos à memória e homenagem daquelas que fizeram, e fazem, a história da luta pelos direitos humanos e pela igualdade de género, mas também constitui uma oportunidade para realizar o balanço do que já foi conquistado e reflectir sobre o muito que ainda falta fazer.
Conforme foi já referido, a igualdade de princípio está consagrada na Constituição da República, já desde 1976, tendo-se dado um novo e significativo passo na revisão de 1997. Foram, então, introduzidos dois pontos fundamentais: o reconhecimento de que a promoção da igualdade entre homens e mulheres é tarefa fundamental do Estado [alínea h) do artigo 9º] e de que a lei deve promover a igualdade no exercício dos direitos cívicos e políticos e a não discriminação em função do sexo no acesso a cargos políticos [artigo 109º].
Estavam, assim, consagrados mecanismos indispensáveis ao reconhecimento formal da igualdade entre mulheres e homens no nosso país, a que se seguiram diversos dispositivos legais destinados a promover, de facto, a igualdade de género. Tal é o caso da protecção à maternidade e à paternidade, o direito – irrenunciável - à licença de paternidade, a revisão do Código Penal, no que concerne os crimes de violência doméstica e de género, a Lei da Paridade, a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, entre outros.
Mas, no 2º semestre de 2007, em pleno Ano Europeu da Igualdade de Oportunidades para Todos, Portugal assume, novamente, a Presidência da União Europeia.
Se, da Presidência de 2000, chegou aos nossos dias a “Estratégia de Lisboa”, hoje ainda inspiradora de muitas políticas dos estados-membros, nomeadamente de políticas da igualdade de género, saibamos transformar os “objectivos de Lisboa” numa verdadeira estratégia para a solidariedade, para o desenvolvimento sustentável e para a igualdade entre homens e mulheres.
É já consensual que as questões da igualdade de género não são sectoriais, nem dizem respeito às mulheres. As questões da igualdade de género são questões transversais, que afectam a sociedade no seu todo, que dizem respeito às duas metades da Humanidade, logo, são questões de homens e mulheres.
O Ano 2007 constitui, como se disse atrás, uma oportunidade e um desafio.
Saibamos, pois, todos e todas, ser agentes da mudança, saibamos estar à altura dos desafios da modernidade, saibamos aproveitar mais esta oportunidade, para construir uma sociedade inclusiva, mais justa e solidária, uma sociedade onde haja uma efectiva igualdade, de direito e de facto, entre homens e mulheres, em todas as esferas de participação.
Saibamos, pois, todos e todas, estar à altura de uma democracia adulta do século XXI, numa sociedade onde se garanta aos homens o direito à vida familiar, às crianças o direito à participação equilibrada da mãe e do pai no seu desenvolvimento e às mulheres a sua afirmação também na esfera pública e política.
Em suma, saibamos caminhar rumo a uma sociedade onde exista, de facto, o direito de homens e mulheres participar plenamente, enquanto parceiros iguais, em todas as esferas da vida.
Porque, e termino com uma frase que li algures:
As mulheres não querem um dia especial, uma data de calendário que recorde apenas as lutas passadas. As mulheres querem todos os dias, todas as horas, todos os minutos, todos os segundos. As mulheres querem a vida inteira.
sábado, 8 de março de 2008
8 de Março - Dia Internacional das Mulheres
Comemora-se hoje o Dia Internacional das Mulheres.
As comemorações deste Dia estão ligadas, em toda a parte, à luta das mulheres por melhores condições de trabalho, por uma vida mais digna e por uma sociedade mais justa e igualitária.
Não se trata de uma “guerra de sexos”, como ainda, por vezes, se quer fazer crer, mas de “respeito entre iguais”, de igualdade de direitos, de igualdade de responsabilidades, de igualdade de oportunidades, de igual dignidade e valor entre homens e mulheres, em suma, de direitos humanos fundamentais.
Por mais incrível que possa parecer, ainda é necessário afirmar tudo isto, repetir vezes sem conta que esta não é uma luta entre homens e mulheres, mas sim uma luta de homens e mulheres no combate às desigualdades e na promoção de uma sociedade de parceiros iguais.
Por isso, continua a justificar-se evocar este Dia, que é aproveitado para salientar o nosso papel e a nossa dignidade social, o nosso valor enquanto pessoa, mas também para contestar preconceitos e limitações que continuam a ser-nos impostos.
O Dia 8 de Março é o dia que consagramos à memória e homenagem daquelas que fizeram, e fazem, a história da luta pelos direitos humanos e pela igualdade de género, mas também constitui uma oportunidade para realizar o balanço do que já foi conquistado e reflectir sobre o muito que ainda falta fazer.
E há muito ainda a fazer ...
Porque "as mulheres não querem um dia especial, uma data de calendário que recorde apenas as lutas passadas. As mulheres querem todos os dias, todas as horas, todos os minutos, todos os segundos. As mulheres querem a vida inteira".
Entre as inúmeras realizações que tiveram hoje lugar, um pouco por toda a parte, participei em duas:
Uma de carácter oficial, promovida, em Lisboa, pela Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género (CIG) e outra, de âmbito mais restrito, promovida por uma estrutura partidária local, no distrito de Santarém: uma sessão comemorativa, onde não faltaram espaços de debate dedicados à temática da tomada de decisão (política e económica), e um almoço evocativo. Poderia ainda ter participado num jantar comemorativo, promovido pela Associação Portuguesa de Mulheres Juristas, mas optei por um programa familiar – Conciliar é preciso !
Entretanto, dei-me conta que faz hoje precisamente um mês que introduzi a última mensagem neste espaço e que, neste período, muito poderia ter sido registado e só não o foi (uma vez mais) por manifesta dificuldade de conciliação.
Deixo, por isso, aqui um breve apontamento sobre o que marcou este mês e, em mensagens complementares, desenvolverei um pouco mais alguns destes tópicos:
EDITE ESTRELA, que foi objecto da minha mensagem anterior, lançou já um segundo número da sua Newsletter dedicada à promoção dos direitos da mulher. A sua anunciada página (http://www.editeestrela.eu/) também já está disponível na net. Vale a pena aceitar o convite para uma visita. Conforme a própria escreveu na nota de abertura, a página foi «criada a pensar em si, que gosta de estar informado(a), que se interessa pelo trabalho dos eurodeputados, que reconhece a importância das decisões do Parlamento Europeu». Diz ainda Edite Estrela que é ao eleitor que quer «prestar contas e contribuir para que se sinta mais próximo dos deputados europeus, para que conheça melhor as instituições europeias (...) e tenha melhores condições para exercer a sua cidadania europeia». Entre os conteúdos que podemos acompanhar nesta página está a actividade que Edite Estrela desenvolve na Comissão dos Direitos da Mulher e da Igualdade dos Géneros.
MADALENA BARBOSA (Milena, como era conhecida entre nós) deixou-nos. Precisamente no dia em que foi lançado o seu livro «Que Força é essa» ...
O Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa promoveu uma Conferência subordinada ao tema "International Feminisms in Historical Comparative Perspective, 19th - 20th Centuries", com quatro sessões de debate onde marcaram presença vários especialistas nacionais e internacionais.
O Departamento Nacional das Mulheres Socialistas promoveu, em Lisboa, uma I Cimeira das Mulheres da Lusofonia, dedicada ao tema «O Empreendedorismo no Feminino: Que políticas para um desenvolvimento justo e sustentável?».
A Associação «ABRIL» (Associação Regional para a Democracia e o Desenvolvimento) lançou, em Lisboa, o livro «Uma Flor por Maria de Lurdes Pintasilgo».
Foi reeditado e apresentado, em Lisboa, o livro-manual «Na Política, as Mulheres são capazes», uma tradução e adaptação da edição inglesa da obra «Women can do it!», publicada em 1992 pelas Mulheres do Partido Trabalhista Norueguês. Com esta reedição pretende-se dar um contributo para a promoção de uma efectiva participação das mulheres em todas as esferas da vida pública e, em particular, na política.
Na nota prévia, assinada por Elza Pais, Presidente da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género, pode ler-se «As leis são um instrumento fundamental para se conseguir a efectiva participação das mulheres na vida pública, mas é igualmente indispensável que se desenvolvam mecanismos de empoderamento das pessoas sub-representadas para que se alcance uma cidadania participativa de todas as pessoas. Publicações como esta pretendem sensibilizar, promover e estimular a participação cívica activa de homens e mulheres na construção de uma sociedade mais justa e igualitária».
Termino esta série de apontamentos com uma ROSA para todas as GRANDES MULHERES que conheço, nelas homenageando TODAS as Mulheres do meu país. Que nunca nos falte a FORÇA e a CORAGEM para seguir o exemplo daquelas Mulheres que abriram os sulcos da nossa caminhada rumo a uma sociedade que seja mais justa, porque mais paritária!
E têm sido tantas ao longo da História ...